terça-feira, 29 de agosto de 2017

Porque nos sentimos solitários em meio à família? - Thiago Strapasson



A família é nosso berço. Foi ali que iniciamos nosso trajeto, que aprendemos as primeiras regras da vida, que recebemos afeto. A família é o início de nossa vida, um lugar que, em nosso registro, semeia a lembrança do acolhimento.

Mas também é onde fomos ensinados que existem regras. A partir da família iniciamos o processo de tomar contato com nossa personalidade, ou com aquilo pensamos que somos. Ali se formam nossos primeiros traumas, nosso sentimento de incapacidade, de dependência afetiva. Na família aprendemos a vestir mascaras para agradar, para conviver, muitas vezes disfarces, papeis que exercemos nesse seio de acolhimento, mas que no fundo não nos faz bem.


A constelação familiar é um núcleo onde membros tem um objetivo comum, transcender suas restrições e prestar auxílio mutuo nesse propósito. Cada núcleo familiar é formado pelo menos de um aspecto conectado à matriz de sofrimento planetária, onde aquele grupo decidiu superar em conjunto.

Mas até que isso se dê vestimos os personagens dessas restrições, assumimos papeis ativos de drama, de proteção, de carência. Papeis que não dizem sobre nossa essência, mas que incorporamos para aprender a sobreviver no mundo.

Nesse meio assumimos personagens, vestimos disfarces de escassez, de medo, de vitimização, de anseios e, nesses papeis, cobramos para que cada membro exerça seu personagem, para que o núcleo se mantenha sólido, seguro e assim possamos deixar intacto nosso berço de recepção.

Temos medo que esse núcleo se desfaça, que ele se quebre, que os papeis deixem de ser exercidos. Afinal, é um dos poucos berços de segurança e acolhimento que temos nesse planeta. As movimentações dos núcleos familiares são sempre doloridas à nossa alma. Lutamos por fazê-lo permanecer como encontramos, como fomos recepcionados. É um dos poucos locais que voltaremos e encontraremos pessoas que nos amam, que nos compreendem, que conhecem nossa história. É um lugar onde não nos sentimos tão solitários.

Mas esse sentimento também amarra, prende, não permite nossa autenticidade. Muitas vezes temos que nos aquietar, fingir que aceitamos para que ele possa permanecer na segurança inicial. Preferimos nos manter nesse papel a seguir nosso coração, a agarrar nossa liberdade.

O núcleo familiar é o local onde começamos a estruturar nossa personalidade humana. Personalidade essa que tantas vezes nos restringirá na vida. Que lutamos diariamente em busca de transcende-la e que, tantas vezes, nos fará sofrer em razão de nossos apegos, de nossos dramas emocionais, de nosso sentimento de incapacidade, de sermos menores, não merecedores, de nossos traumas.

Ao mesmo tempo que há tanto acolhimento no núcleo familiar, também há essa cobrança, essa necessidade de se manter a estrutura inicial, o que se transforma em uma dificuldade de movimentação, de desvinculação.

Muitas vezes é justamente aí que aflora nosso sentimento de solidão, porque mesmo envoltos no berço de nossa criação somos capazes de nos sentir tão incompreendidos em nossos sentimentos, em nossa essência. É um amor que se transforma em dor e que nos causa grande confusão, porque amamos, gostamos, queremos bem e ao mesmo tempo sentimos o anseio de nos libertar, de sair em busca de nossa autenticidade.

Durante uma fase de nossa vida a solidão nos arrebatara, e ainda que em meio ao núcleo familiar nos sentiremos solitários. Será o chamado de nossa alma para que possamos sair em busca de nossa essência. Não significa que deixamos de amar, que fomos ingratos, que não queremos bem aqueles que nos receberam com tanto amor, mas nossa alma nos chamará à descoberta de nós mesmos. Sentiremos o chamado que nos levará ao rompimento, muitas vezes, a transcender nossos personagens, os medos que se desenvolveram nesse ambiente.

É um grande conflito em nossa consciência: a solidão dentro do núcleo familiar. Deixamos de nos encaixar junto aqueles a quem nutrimos tanta admiração, tanto carinho, mas simplesmente estamos sendo chamados a sair a nos descobrir.

É isso que a solidão faz. Ela se torna um chamado se soubermos trabalhar com equilíbrio diante desse sentimento, dessa luz em nossa vida. Sim, a solidão é uma luz, pois como uma dor é um chamado para irmos ao encontro de nossa alma e descobrirmos aquilo que nos reprime, que nos aflige, que não nos permite descobrir nossa essência, nossa verdade.

E isso ocorre também nos núcleos familiares, quando somos levados pelo drama, pela vitimização, pela chantagem emocional daqueles que simplesmente têm medo de nos perder, de deixar ir aquele velho conhecido que tantas vezes o auxiliou. É apenas mais um medo de ficarmos solitários novamente.

Ao mesmo tempo, quando passamos por esse sentimento, temos uma enorme oportunidade de seguir nosso caminho, tomarmos contato com nossa alma, com nossa essência, rompermos com aqueles personagens e, quando preparados e prontos, voltarmos fortalecidos para ensinar aqueles que ficaram a fazer igual, para estendermos à mão. Deixamos o rastro para que eles compreendam que apenas fomos nos buscar, mas jamais deixamos de amar, apenas sentimos o chamado de nossa alma e a necessidade de rompermos com o vínculo que não nos permitia ser verdadeiros em toda nossa essência.

Assim são organizados esses núcleos. Através de um esquema que mantem todos presos nesse drama de auxilio mutuo, porém, paradoxalmente, onde todos se sentem mais confortáveis e seguros diante dos desafios da vida.

Quantos são aqueles que passam uma vida toda sem conseguir transcender os bloqueios, os medos, os traumas que nos trazidos pelo núcleo familiar? Ficamos presos pelo apego, pelo drama e, porque não, pelo amor que sentimos um pelo outro.

Nunca, porém, é demais lembrar que o verdadeiro amor liberta, permite que se vá. O verdadeiro amor é aquele que ajuda a fortalecer para que quando estiver pronto se vá, desvincule-se para que depois fique apenas essa lembrança de acolhimento em toda sua pureza, sem os dramas, sem as cobranças, sem as chantagens, sem aquele sentimento que teme a perda, que teme a solidão da vida.

A solidão no núcleo familiar, quando sentida, deve ser respeitada, deve permitir que se vá, que se acabe, para que assim o amor perdure, para que a verdadeira ajuda se dê, para que os membros desse berço cumpram seu propósito, que é se descobrir em essência e liberdade.

Thiago Strapasson - 28/08/2017

Fonte: www.pazetransformacao.com.br

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A metáfora da abóbora - Consciência Nesara - O Grupo

Inscreva-se em nosso canal do YouTube


Mantendo livre a intuição – Kuan Yin


Meus queridos filhos,


Passam flashes diante de nós. São sons, luzes, pessoas, falas, ruídos. Os sentidos físicos estão sempre conectados à vida na matéria. Não permitem que nos aquietemos. Não há como desligá-los, pois são nossa própria proteção natural diante da vida.


Mas a cada experiência há uma possibilidade de conexão ao outro lado da vida. A cada respiração, a cada fala, temos a oportunidade de ter aquele olhar libertador.

Podemos prender-se diante de todos esses ruídos, essas experiências. Mas podemos também nos tornar observadores da vida. Como se tudo isso passasse diante de nossos olhos e ficássemos protegidos a observar, a partir de um silêncio interior bom de sentir, saudável de estar junto.

E muitas vezes não é assim que se dá. Esse silêncio se infiltra no ruído da vida. Deslumbramo-nos diante das oportunidades da vida. E essa ânsia, muitas vezes, gera mais barulho interior que todo ruído exterior. Quando projetamos nossas condições de felicidade, quando carregamos nossas culpas do passado, quando não nos libertamos de tudo que está externo. Vivemos assim diante dos ruídos externos, com um ruído interior ainda maior.

Como não trazer dúvida nessa imensidão de possibilidades que a vida na matéria apresenta?

Como não trazer inquietação diante de grandiosas chances de ser feliz?

A vida é repleta de oportunidades realmente transformadoras.

A cada momento são colocadas diante de nós tantas possibilidades de elevação, que permanecemos verdadeiramente maravilhados diante de tanta vida, de tanta abundância de vida.

Assim estamos sempre abertos a receber, esse ato de receber consiste em não se agarrar a crenças e padrões, e sim a estar aberto ao novo a cada segundo.

Cada momento se forma a partir de um pequeno vazio que dispomos à chegada da intuição. E então as novas ideias preenchem o espaço que deveria ser da certeza.

A certeza então acaba por dar lugar à dúvida. Mas essa dúvida é silenciada diante da fé, da clareza e da confiança.

A confiança de que quando estamos abertos a receber e deixamos que a consciência desperta nos traga os mais belos momentos de inspiração, nós seremos guiados na estrada que trará o estado de completude e desprendimento da matéria.

Esse desprendimento nada mais é que a soltura de tudo o que pensamos ser, até dado momento em que as certezas se desfazem diante de uma infinidade de possibilidades que a vida traz.

Sim, são infinitas as possibilidades que mostram ao ser, dia a dia, do que a vida é composta. Afinal ela é composta de milagres!

Conhecidos por milagres são apenas os momentos de inspiração, onde damos lugar aquela ideia que esteve presente, mas não teve lugar para se encaixar em nós, não dávamos abertura à inspiração, à elevação da nossa consciência.

E então quando permitimos essa consciência expande, e expande de modo a nunca mais retornar ao estado inicial, é um caminho sem volta.

Esse caminho, meus queridos filhos, nada mais é do que o processo de ascensão, e que é compreendido por etapas de felicidade plena e alegria, de completude interior, de leveza e certeza de que não mais o ego necessita ser reafirmado, e tampouco a personalidade, mas sim a certeza é apenas de que o próximo minuto também será preenchido de beleza e oportunidades, de leveza e doçura, de alegria e mais confiança de que a vida sempre será repleta de surpresas. De que não necessita planejar, controlar ou divagar em possibilidades. Que necessita apenas entregar. Entregarem-se à magnitude de Deus, e então se render à maravilhosa cascata de alegria e paz que nos evolverá sempre.

Esse desprendimento traz abundância, paz, completude e amor. Traz tudo o que é objeto de busca de tantos de vocês, meus queridos filhos, e que sempre esteve disponível. Mas é observado e sentido apenas por aqueles que deixaram o espaço vazio para que fosse preenchido com toda a abundância de Deus.

Então, queridos amados, vocês passam a pertencer ao todo, a fundir com a vida, a sentir a completude e o estado de Um com a vida.

Vocês se unem ao Eu Sou em sua maior representação, que é refletido em todas as formas de manifestação da vida materializada ou não. Vocês são todos Um.

Entremos dentro da realidade de luz e amor disponível a todos, bebamos do néctar da Fonte de Luz e criatividade. Deixemos que a consciência se expanda e nos envolva com uma nova realidade que virá a se formar, liberta de crenças e dogmas. Liberta de certezas e de personalidade.

Assim o desprendimento da matéria e do estado de sofrimento abrirá portas a ascensão do ser.

Está aí a possibilidade de não ser o ruído, de não se infiltrar nos flashes, nas falas, nos medos e nos anseios. É se tornar o vazio que é o Todo, que é o Tudo. E ser o observador onipresente, que observa, em seu vazio, a vida. Não se prende aos dramas, não se prende a nada, mas deixa que a vida se conduza a cada nova conexão, a cada sopro como uma intuição que aflora e que abre novas possibilidades de se conectar ao mundo. A cada ruído há um sopro de abundância interior que aflora e os leva a transcender todos esses flashes, essas luzes, essas falas, toda a sedução que a vida traz.

Já não se permite que essa sedução se transforme em mais ruído, mas sim é o silêncio que se integra à vida, que observa e se conecta ao vazio interior que através da intuição cria novas formas de experimentar toda essa vida, toda essa riqueza que se apresenta diante de seus olhos. E assim a vida se faz, em conexão, livre de restrições, vazia, mas conectada ao todo, seguindo a cada sopro a felicidade que o Criador nos proporciona.

Nesse estado podemos nos renovar. Não somos, estamos diante da vida. Essa é única e verdadeira liberdade, daquele que vive, mas não sofre, porque não se envolve, mas ao mesmo tempo pertence.

Essa é a única forma de não sofrer com as dúvidas, com os anseios, é se conectar com a imensidão de possibilidades de ser feliz, mas mantendo o vazio para que a intuição possa ser a condutora da vida, com liberdade a cada segundo, a cada minuto, onde tudo está sempre aberto, sempre se renovando, se alterando. Eis a única forma de nos conectarmos à abundância de Deus, da criação e de tudo que existe.

Estejam em paz, meu filhos,

Sou Kuan Yin

Canais: Michele Martini e Thiago Strapasson - 23 de agosto de 2017.

Fonte: www,pazetransformacao.com.br