sábado, 13 de maio de 2017

A diluição do Eu Inferior – Thiago Strapasson


Para ler o complemento desse texto, sob as bênçãos de Mãe Maria, clique aqui.

O sentimento de unidade, quando passa a se manifestar, nos causa confusão. Pois junto ao sentimento de integração sentimos um vazio tão grande onde já não acreditamos sequer em nossa própria existência. De fato, já não sabemos se somos reais ou uma mera ilusão da vida nessa experiência.


Sim, o sentimento de unidade é algo um tanto quanto amedrontador, pois percebemos nossa própria consciência se diluindo em um oceano totalmente desconhecido. Não sabemos se realmente existimos, bem como o que iremos encontrar do outro lado. Mas não há como voltar, pois o antigo Eu se desfez diante das duras provas e de todo o processo de purificação pelo qual passamos por vidas e vidas. Ele deixou de existir então deixamos todas as nossas referências do passado, e já não sabemos para onde vamos. É um sentimento de estar perdido que só resgatamos ao pegar na mão de um Mestre, que nos conduzirá com todo amor.

Esse é um sentimento, que um dia ouvi de um Mestre, como sendo como um rio quando chega ao mar, que ainda olha para trás e tenta se segurar com medo do que virá, pois o sentimento de unidade vem acompanhado de um vazio enorme, onde já não nos identificamos com o Eu Inferior, mas também desconhecemos o que estamos nos tornando, se é que existimos.

Continuamos a viver a vida, mas passamos a ver tudo isso como uma representação tão ínfima do que existe... E para ser honesto, isso é atormentador. Simplesmente duvidar de sua existência, sabendo que, no fundo, esse corpo é uma mera manifestação de uma memória do akáshico de algo muito maior, que se fez em personalidade humana.

Quando nos vemos como uma singela chama de uma energia muito maior e percebemos que sequer existimos, senão em uma realidade tridimensional planetária, é algo um tanto confuso. Pois os nossos sentidos físicos se manifestam na matéria, como um Eu Personalidade que vive seus dias, e interage com outros que estão em situação semelhante. Mas vislumbramos que esse Eu que vive seus dias aqui já não existe, ele está em conexão a tudo, e o que sobra é o nada. O sentimento de que nada importa e tudo está bem, sempre bem.

A diluição da própria consciência ao Eu Sou, é a expansão maior do sentimento de unidade, onde deixamos de sentir as divisões e as barreiras que nos separam de Tudo O Que É, embora nossos olhos e nossos sentidos físicos nos digam exatamente o contrário. A mente simplesmente não compreende o que está a ocorrer, e temos que conviver com esse sentimento.

É um sentimento paradoxal que nos preenche, pois esse vazio, junto desse anseio de unidade, de conexão a uma energia muito maior que é inexplicável à nossa mente, de certa forma nos causa medo e confusão.

Quando deixamos de ter a certeza do que somos, inclusive de nossa própria existência, e passamos a ter como única certeza que nossa consciência, como manifestação de uma energia muito maior, tornar-se-á uma memória aglutinada ao registro akáshico de nossa presença Eu Sou, nos vem a dúvida e junto a certeza, de que muito pouco somos nessa vida. Nos vemos enquanto Eu Inferior que tantas vezes protegeu com tanto afinco sua honra, seus bens e tudo que pensava possuir.

Ao mesmo tempo olhamos para trás e já não nos encontramos, percebemos a cada dia nossa consciência se diluindo nesse mar, pois algo está a nos chamar. Descobrimos um mundo fantástico, multidimensional, cheio de magia e sem limites, que se apresenta e que é muito encantador. Um mundo onde o tempo e a distância, em termos quânticos, tornam-se irrelevantes, e uma sabedoria enorme está simplesmente ao nosso acesso, sem que sequer saibamos como ela foi criada.

Essa é a sensação daquele que se percebe como um córrego diante do oceano, uma fagulha diante da luz que representa. É essa a sensação que nos vem quando nos damos conta que a nossa consciência sequer existe, mas sim apenas um corpo físico que se manifesta em seus dias, interage, mas já desprendido e cheio de dúvidas quanto ao que virá.

O conflito se instala, pois simplesmente se torna aterrorizador a inexistência da palavra Eu. Essa palavra, do dia para a noite, perde seu significado, e pode ser substituída pela expressão “esse corpo”. Porque o Eu se torna a unidade, e com esse olhar simplesmente deixamos de ver a divisão. Mas isso não é uma compreensão, mas um olhar, um sentimento, que se manifesta ao nosso redor, junto do amor por tudo.

Mas nesse ponto a dúvida que surge é: Como será o futuro? Pois como posso esse Eu que sequer existo continuar meus dias nessa realidade, sabendo que tudo não passa de um grande jogo, de um banco de experiências, que se agregam ao registro Akáshico de uma energia que sequer somos capazes de compreender?

O sentimento de vazio total é algo que, ao mesmo tempo que nos amedronta, nos provoca a experimentar mais dessa sensação de inexistência e conexão ao todo.

Simplesmente, agora compreendo o motivo pelo qual tantos humanos preferem se manter a viver a vida tridimensional, sem buscar por algo mais elevado. É simples, é cômodo, e nos permite saborear a matéria com toda a sua intensidade, sem alimentar dúvida nenhuma quanto à própria nossa existência. Pois os sentidos físicos nos comprovam, a cada segundo, a nossa existência física, e, quanto a isso, é cientificamente comprovado a existência de um corpo biológico, que se manifesta em seu próprio meio, no meio que foi desenvolvido para existir.

Mas quando o rio se aproxima do oceano, e percebemos o que realmente somos, a dúvida se instala, e imediatamente saímos de uma situação cômoda e conhecida para algo que sequer temos ideia do que se trata. Esse sentimento é algo conflitante, que intriga aqueles que já não se veem como existentes nesse plano.

Muitos dizem que gostariam de experimentar uma conexão maior, mas isso talvez signifique abrir mão de sua própria humanidade, deixando de compreendê-la como nos ensinaram, para que possamos simplesmente retornar à realidade que viemos. Uma energia que se dilui na imensidão do cosmos.

Estejam em paz.

Thiago Strapasson - 12 de maio de 2017.

Fonte: www.pazetranformacao.com.br

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